quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Laban parte I

O peso leve pode ser lembrado a uma pena, a sua leveza ao subir ou descer, sua destreza enquanto flutua.

Meu corpo se impõe
Vigoroso, firme
Armazeno e movo
força
“Tronco de árvore”.
jacarandá
Pé de natureza fortaleza
(...)
Terra homem
Lenha de fogueira
(...)
Berra geme vem moço
Mordida no meu pescoço
Dentes músculos zoeira colosso (TERRA, Lucinda, 1996, apud CIANE FERNANDES, 2006).

O peso forte pode ser lembrado como um tronco de árvore que cai ao solo.
Tempo, indica a velocidade do movimento, se esta acelerado ou desacelerado.
Segundo Fernandes (2006), está relacionado com a variação de velocidade do movimento.
Acelerado é quando o movimento avança gradativamente, ou seja aumenta sua intensidade. Apressado, urgente acelero no tempo cada vez mais rápido (FERNANDES, 2006, pg. 138).
Desacelerado é quando o movimento se encontra em uma intensidade maior e vai baixando, desacelerando para uma velocidade menor. Descansado, prolongado desacelero no tempo cada vez mais vagaroso e lento (FERNDANDES, 2006, pg. 137).
Fluxo, está relacionado com a fluidez do movimento, de como está sendo realizado, se está livre ou controlado.
Conforme Fernandes (2006) o termo fluxo refere-se à tensão muscular que é usada para o fluir do movimento ou restringi-lo. “Sou fluxo incontrolável, não posso interromper-me só vou e vou e vou continuamente movimento”.
É quando o corpo leva a uma liberdade, onde não há regras a seguir, onde há um fluir do movimento, estar livre. Controlando o controlável cada movimento é restrito e cuidadoso.
É quando a um restringir de movimento, onde pode ser controlado, é como seqüência fosse em direção contrária a da ação.
Cada um desses termos espaço, peso, fluência, tempo será resumidamente esclarecido, pois é uma extensa pesquisa relacionada à expressividade do movimento, Laban demorou anos para completar sua pesquisa, e esclarecê-la, que não ficou apenas na teoria seus estudos foram para a prática.
Laban utilizou cinco figuras geométricas para complementar seus estudos, o tetraedro, o octaedro, o cubo, o icosaedro, o dodecaedro.


Um observador de uma pessoa em movimento fica imediatamente consciente, não apenas dos percursos e ritmos de movimento, mas também das atmosferas que os percursos carregam em si, já que as formas do movimento através do espaço são tingidas pelos sentimentos e pelas idéias. E o conteúdo dos pensamentos e emoções que temos ao nos movermos ou ao observarmos o movimento podem ser analisados tanto quanto as formas e linhas traçadas no espaço (FERNANDES, 2006, pg. 22).


Entende-se quando o praticante desenvolve uma seqüência coreográfica após um longo processo de pesquisa a sua movimentação já está inerente ao corpo, e é visível os percursos realizados, as mudanças de tempo, a fluência, o peso, a pesar de cada individuo possuir uma natureza, registros, este pode não saber os objetivos coreográficos mas terá conclusões a respeito do mesmo, podendo ser totalmente inversa das intenções de quem a coreografou ou similares, mas a sua interpretação será de acordo com o seu conhecimento.
O movimento faz parte do individuo pois para qualquer coisa que seja, ele está presente, como levantar, caminhar, erguer uma perna, fazendo parte do mover-se.
O bailarino busca através do movimento de uma ação coreografada passar o mais nítido possível, executar o movimento em sua totalidade, com clareza, para que isso aconteça, é exigido muita dedicação, aula, reparos, conscientização dos caminhos percorridos, o que quero expressar, realizar, pois seu observador poderá ver nitidamente o caminho percorrido, a movimentação que está sendo realizada.
Laban sempre buscou a naturalidade, a espontaneidade do movimento querendo que o praticante soubesse o que estava realizando, ou seja, ter uma consciência de sua movimentação.
Segundo Ferreira (1993), movimento é o ato ou processo de mover; série de atividades em prol de determinado fim.
Mas Ullmann (1978), diz que o movimento da dança são formas que se configuram no espaço, ações corporais que fazem parte de uma composição coreográfica.
Entende-se que o movimento revela diferente coisas e é carregado de expressividade que é revelado a partir do objetivo do artista, seja através de sua voracidade, lentidão, rapidez, etc., cada um possui sua essência.
O individuo é carregado de emoções, possuem registros, vivências, transformações que ocorrem diariamente, cada um possui uma história, todos são dotados de sensações, estímulos internos, externos ou seja, o corpo é um instrumento na qual o individuo se comunica, se expressa.

As idéias e sentimentos são expressos pelo fluir do movimento e se tornam visíveis nos gestos, ou audíveis na música e nas palavras (ULLMANN, 1978, pg. 29).


Entende-se que fosso como o corpo escrevesse no ar uma partitura, onde o movimento em toda sua fluidez regesse uma orquestra, através do espaço, variações rítmicas, seqüências coreográficas, tempo.
Segundo Ullmann (1978), o bailarino para obter uma melhor realização de sua movimentação deve ter domínio do que está interpretando, compreender seus caminhos, significados.
Entende-se que todos esses requisitos é de extrema importância, para que um trabalho tenha uma boa qualidade, um grau de expressividade elevado, com isso vai aprender a usá-lo como queira através dos fatores do movimento (peso, fluência, tempo, espaço).

A extraordinária estrutura do corpo, bem como as surpreendentes ações que é capaz de executar, são alguns dos maiores milagres da existência. Cada fase do movimento, cada mínima transferência de peso, cada simples gesto de qualquer parte do corpo revela um aspecto de nossa vida interior. Cada um dos movimentos se origina de uma excitação interna dos nervos, provocada tanto por uma impressão sensorial imediata quanto por uma complexa cadeia de impressões sensoriais previamente experimentados e arquivadas na memória. Essa excitação tem por resultado o esforço interno, voluntário ou involuntário, ou impulso para o movimento (ULLMANN, 1978, p. 48-49).


Entende-se que o corpo possui inúmeras linguagens, que carregamos ao longo de nossa existência, possui articulações, sistemas..., que estruturam todo o ser, que dão mobilidade revelam algo de si, é decorrente de expressões internas, externas que carregam sentimentos, sensações. O individuo ao mover-se estará expondo tudo que carrega, revelando a cada nuance do movimento suas impressões, registros que foram adquiridos até o presente momento.
Ao mover-se o corpo deseja linhas e formas no espaço, como se ligasse pontos invisíveis. Até mesmo em movimentos simples e mínimos como caminhar ou fazer pequenos gestos, o corpo cria formas no espaço ao seu redor. Sua cinesfera passa a assumir diferentes formatos. Assim como o movimento dos átonos e elementos químicos, as projeções do corpo no espaço constroem uma geometria como a dos cristais de rocha (FERNANDES, 2006, pg. 190).


Com isso Laban chamou de escala espaciais, os caminhos que ligam os pontos dessas cinesfereas geométricas que ao se locomover o corpo, constrói figuras através do espaço nos pontos estabelecidos.

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