quinta-feira, 23 de setembro de 2010

PARTE V

Para Strickland (2002, p. 98), a respeito da obra As Senhoritas de Adivinhão:

Nesta pintura de transição, às vésperas do Cubismo, Picasso explodiu as idéias tradicionais de beleza, perspectiva, anatomia e cor. Ele substituiu o estilo baseado na aparência, que havia reinado desde a Renascença por uma estrutura intelectual que só existia em sua mente, a mais importante virada no desenvolvimento da arte contemporânea livre.

Esta obra de Picasso, que foi inspirada nas máscaras africanas, pertence à Fase Negra, embora também pertença ao Cubismo, o qual é considerado um dos movimentos mais significativos da arte moderna. Recebeu esta denominação porque a figura parece ter sido quebrada em pequenos fragmentos, como cubos, surgindo daí o nome Cubismo.
Como refere Venezia (1996, p. 20), “Por centenas de anos os artistas haviam tentado reproduzir com exatidão o que viam. Então Picasso começou a pintar pessoas e objetos que não pareciam naturais”. Juntamente com outro pintor, chamado George Braque, Picasso teria perguntado: “Por quê pintar as coisas de forma tão real?” Nesta época Picasso e Braque fazem colagens com jornais e tecidos, criando assim às bases do Cubismo, um novo estilo na pintura, uma nova linguagem na pintura.
Esse movimento procurou decompor os objetos até as formas básicas de cubos, esferas, cilindros e cones. Assim, caracteriza-se pela decomposição e geometrização das formas, o que segundo os historiadores de arte, Picasso teria buscado em Cézanne, artista que teria começado a estudar a geometrização das formas ainda no final do século XIX, e que teria inspirado Picasso.
Foi Cézanne quem começou a geometrizar suas pictóricas, como paisagens e naturezas-mortas por volta de 1890.
De acordo com a Enciclopédia Ilustrada do Conhecimento Essencial (1998, p. 142), o Cubismo “desenvolveu-se a partir da arte primitiva e das primeiras tentativas de Paul Cézanne para substituir o Impressionismo por uma aproximação menos estética e mais intelectual à forma e à cor... O Cubismo abriu caminho para a Arte Abstrata”.
O Cubismo, segundo alguns historiadores e críticos de arte, como Habasque (1982), Hilton (1997) e Golding (apostila sem data), foi um movimento que se dividiu em duas fases: a Fase Analítica e a Fase Sintética. Na Fase Analítica, a característica é a decomposição da forma, onde a figura pode ser vista de diversos ângulos e não apenas de um único ponto de vista.
Essa fase foi chamada Analítica porque analisava as formas das figuras e objetos, partindo-os em fragmentos e espalhando-os pela tela. Na ótica de Strickland (2002, p. 138), em algumas obras “Picasso e Braque trabalhavam com uma gama quase monocromática, usando apenas marrom, verde e mais tarde cinza, a fim de analisar a forma sem a distração das cores”.
O Cubismo sintético foi à fase onde a figura é dividida, mas não é decomposta. A figura se divide em planos, segmentos e zonas de cor, trabalhando com escala de tons. Nesta fase houve a incorporação de materiais relacionados com a vida cotidiana, como tiras de papel, lata, madeira, letras, papel corrugado e pedaços de jornal.
Entre 1912 e 1914, juntamente com o pintor espanhol Juan Gris, Picasso e Braque desmontam as figuras para depois recompor novamente ou “sintetizar” suas linhas essenciais. Gris contribuiu significativamente para o Cubismo Sintético.
Após as diversas transformações e fases pelas quais o Cubismo passou, há uma pausa com o inicio da Primeira Guerra Mundial, pois o serviço militar mobilizou diversos artistas. Após essa guerra, surgiram novos movimentos, como o Futurismo, os quais, segundo Strickland (2002, p. 139), “adaptaram as formas do Cubismo de modo a redefinir a natureza da arte”.
É relevante ressaltar que Picasso não se deteve a um único estilo, passando por várias fases pictóricas e fazendo incursões por muitos estilos, inclusive foi um dos artistas que ajudou a desenvolver a Arte Abstrata, mas a que mais o destacou foi o Cubismo.
Da mesma forma, não posso deixar de re3ssaltar ainda, a sua obra mais conhecida, Guernica, concebida e executada no período de um mês, em seu estúdio em Paris, no ano de 1937. É uma tela vigorosa, possuindo uma composição estruturada com muita firmeza, cujas ilustrações e maiores comentários constam no capítulo 4.
Picasso permaneceu em Paris durante a Segunda Guerra Mundial, mas depois de 1946 passou a viver principalmente no sul da França. Por ter um temperamento forte e inquieto, nem mesmo a homenagem que lhe foi feita em 1971, quando completou 90 anos, fez com que agisse diferente. O Museu do Louvre, em Paris, realizou uma exposição de seus quadros, mas Picasso não compareceu.
Em 1973, Picasso faleceu em Maugins, na França, aos 92 anos.

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